Visualizar a mensagem e não responder já é uma resposta

Não precisa responder às mensagens de imediato, não precisa ficar dizendo “eu te amo” o tempo todo, não precisa procurar sem parar, convidar para tudo, nem estar sempre presente. Mas precisa retornar no tempo certo e na medida exata das necessidades alheias. É assim que as coisas duram.

Tudo bem que os dias estão por demais acelerados e corridos, deixando-nos sem tempo de fazer o que não estiver agendado, permitindo-nos poucos segundos de trégua, para nos dedicarmos ao lazer e ao nada fazer. Mesmo assim, há certas necessidades que não podemos deixar de lado, ainda que não se trate de compromisso de trabalho. Não somos reduzidos ao serviço, somos alguém que sonha além dos escritórios e dos compromissos sérios.

Estamos cansados de saber sobre a importância de regar os afetos que caminham conosco, sem perder tempo com os desafetos que nos rodeiam, mesmo à nossa revelia. É algo óbvio a necessidade de mantermos por perto quem se importa conosco, quem é sincero e nos espera ao final do dia, torcendo sempre por nossas conquistas, chorando junto, comemorando junto.

Da mesma forma, a importância das amizades certas não se contesta, uma vez que termos mãos amigas nos amparando e nos resgatando de nossos desvios, de nossas dores, fará toda a diferença em nossa jornada. Mesmo que seja um único amigo em quem possamos confiar, o retorno afetivo de quem gosta da gente com sinceridade fortalece e motiva, sendo um alento nas noites sem cor de nosso caminhar.

Querendo ou não, acabaremos nos esquecendo de gentilezas mínimas que deveríamos manter em nossas obrigações diárias, como um sorriso a quem acorda conosco, um elogio a quem nos faz bem, um carinho em quem faz parte de nossas vidas, uma resposta breve a quem nos manda mensagens, porque isso é importar-se, é mostrar que sabemos que o outro existe e é importante para nós. É fazer-se presente, mesmo quando há distâncias e obrigações ali no meio.

Não precisa responder às mensagens de imediato, não precisa ficar dizendo “eu te amo” o tempo todo, não precisa procurar sem parar, convidar para tudo, nem estar sempre presente. Mas precisa retornar no tempo certo e na medida exata das necessidades alheias, porque é bom e vital sabermos com quem podemos contar. Saber que o outro poderá vir, não a qualquer hora, mas bem quando precisarmos, tranquilizará tudo o que temos pela frente. É assim que as coisas duram.

Fonte: Prof. Marcel Camargo

Não guarde lugar para quem não tem intenção de sentar ao seu lado

– Ei, tem alguém sentado ao seu lado? Esse lugar está ocupado?

Então, você procura com os olhos aquela pessoa que disse que estaria ao seu lado, mas ela não está por perto. Ela está em algum outro lugar, bem distante de você. Ela está longe, mas insiste que você guarde um lugar para ela. Essa pessoa quer que você pense que ela está com você, mas ela não está.

Pessoas assim existem e são muito danosas. Elas tornam inviável a vida amorosa daqueles que acreditam em suas falsas intenções.

Não é incomum acontecer que, ao dizer que existe espaço para outra pessoa em sua vida, a tal criatura sumida, que pediu para você guardar o lugar, apareça e faça questão de mostrar que você está irremediavelmente ligado a ela. E, depois de ter feito você acreditar que vocês estão juntos, ela volta a sumir, mas sempre com a promessa de voltar.

Muitas vezes é bastante difícil fechar algumas portas, mas apenas assim é possível seguir em frente. Não permita que volte quem nunca quis ficar.

Olhe bem, preste atenção, certamente existe ao menos uma pessoa interessante querendo sentar ao seu lado, querendo te conhecer melhor. Desejosa em compartilhar da sua companhia, sedenta por tecer, com delicadeza, uma intimidade bonita e duradoura contigo, mas isso nunca vai acontecer se as suas mãos permanecerem sobre o assento vazio. Se os seus olhos continuarem a buscar em algum outro canto alguém que efetivamente não está.

Levante suas mãos. Diga que o lugar aí do seu lado está livre. Permita-se ser feliz. Mas seja forte o suficiente para zelar por sua felicidade. Para impedir que a pessoa sumida apareça e mande aquele que realmente está ao seu lado para longe. Seja forte para dizer em alto e bom tom que você é livre para escolher. Que você cansou de esperar. Que você finalmente percebeu que merece mais.

Deslumbre-se com novos olhos. Deixe-se conquistar por outros sorrisos. Encante-se com o amor sincero. Permita-se o entrelaçar de mãos com quem é de verdade e não deixe voltar aquele que nunca realmente quis estar ao seu lado.

Fonte: Vanelli Doratioto

A geração de pessoas que se sabotam emocionalmente

Aí você conhece uma pessoa que parece incrível. Vocês conversam sobre tudo, fazem todos os passeios imagináveis, viram madrugadas em confissões e gargalhadas e têm uma química nunca antes vista na história da humanidade. Tudo parece perfeito, até que aquela pessoa começa a sumir, deixando você sem entender o que aconteceu. Você tenta respeitar o espaço, deixa a pessoa respirar, até que um dia, por não entender o que teria acontecido de errado, você chega com a pessoa e pergunta o que houve. E aí ela diz que não tem como continuar porque não quer se envolver.

Você acha aquilo estranho: afinal, se não queria se envolver, então por que dizia que era uma sorte grande ter te encontrado? Se não queria se apegar, então por que dava bom dia todo santo dia? E por que se preocupava em ser uma pessoa tão carinhosa mesmo tanto tempo depois de as primeiras transas terem acontecido? Nada disso faz sentido, não é mesmo?

Você fica sem entender o que aconteceu, vai investigando, até que a pessoa diz ou que teve um/uma ex que deixou traumas ou que gosta muito de um outro alguém, mas esse alguém não sente o mesmo por ela.

Nessa hora, você pode se sentir como se não fosse uma pessoa boa o suficiente para fazer com que esse alguém que você gosta deixe para trás os traumas e o passado. Você pode sentir um forte sentimento de rejeição, capaz de abalar até a mais inabalável das seguranças. Mas de uma coisa você precisa ter a mais absoluta certeza: tudo isso não é problema seu. Você não tem culpa se a pessoa que você gosta é uma das milhares de pessoas que se sabotam.

Se o outro prefere ficar se sabotando, é problema dele. Se ele não quer se permitir viver uma experiência que seria completamente diferente de tudo o que ele já viveu antes, é problema dele. Você não tem nenhuma culpa ou responsabilidade pelas escolhas das outras pessoas, independentemente de quais sejam elas.

Infelizmente, vivemos em uma geração de pessoas covardes, que se envolvem, mas depois ficam afastando os envolvimentos porque preferem ficar se escondendo atrás dos seus traumas. Eu já fiz isso, você também já deve ter feito. E sabe por que tanta gente faz isso? Porque é mais fácil ficar em uma zona de conforto de auto-piedade, reclamando que os traumas deixaram marcas ou dizendo “Ninguém me ama, ninguém me quer”. Mas tudo isso não é problema seu, amig@: é problema da pessoa. É problema dela se ela só se permite se apegar a sentimentos tão pequenos de mágoa, rancor, egoísmo e pena de si mesma.

Todos nós somos imperfeitos, mas nem as suas piores imperfeições justificam que alguém faça isso com você: se envolva, te trate como se fosse ser algo para valer e depois decida ir embora sem dar explicações. Mas, se essa pessoa quer sair da sua vida, deixe que ela vá embora. Você não merece alguém tão covarde.

Do outro lado da mesa

Agora, se você que está aí do outro lado se identifica com o perfil do covarde, pense no que você está fazendo com a sua própria vida. As pessoas são diferentes. O trauma que você teve com uma não necessariamente vai se repetir com outra. Cada um é de um jeito, e, consequentemente, as experiências que você terá com cada pessoa serão diferentes. Pense em todas as pessoas legais que você deixou passar pela sua vida por esse medo de se envolver. Até quando você vai ficar se sabotando por puro medo?

Eu sei que ninguém está dentro de você para saber o que você está sentindo. Ninguém está aí dentro para saber o quanto aquela rejeição te doeu e você tem todo o direito de sofrer o quanto achar que tem que sofrer. Mas pense comigo: se você não está preparado para se envolver, então não prolongue as coisas. Não tenha atitudes que deem brechas para que o outro crie expectativas. Quer beijar? Beije, mas deixe claro que você só quer o beijo. Quer transar? Transe, mas seja sincer@ e diga que você só quer isso. Quer só uma companhia para não se sentir sozinh@? Ok, todo mundo tem suas carências, mas deixe tudo bem claro para a outra pessoa. Será uma escolha dela se ela decidir ficar com você mesmo nessas condições. Mas ela precisa saber o que, de fato, está acontecendo.

O problema não é você viver o seu luto, mas sim iludir a pessoa e sumir do nada, sem dar nenhuma explicação, fazendo com que ela pense que o problema é com ela, que ela fez algo de errado. Seja uma pessoa adulta o suficiente para assumir as consequências dos seus atos.

Inclusive a de talvez, daqui a algum tempo, estar aí se remoendo porque não deixou que a Júlia ou o João entrassem para valer na sua vida e te mostrassem que o presente e o futuro podem ser completamente diferentes do passado.

Texto de Ana Paula Souza
Fonte: Lado M

Namore alguém que emocionalmente te ame e espiritualmente te fortaleça

Namore alguém que desperte o seu riso fácil, alguém que ame o seu jeito bagunçado e que se importe com o que você sente. Alguém que não dê as costas para a sua dor e que o acolha, mesmo não entendendo os seus porquês. Namore alguém que seja seu amigo, que goste da sua risada escandalosa e que veja graça nas suas piadas sem graça.

Namore alguém que emocionalmente o ame por inteiro, sem desculpas. Alguém que deixe os “e se” de lado e queira viver uma história ao seu lado.

Namore alguém que emocionalmente ame o seu jeito desastrado de ser, porque sabe que, mesmo quebrando tantas coisas e derrubando tantas outras, você jamais quebraria o mais importante: o seu coração. Alguém que veja que, por detrás dessa pose de durona, há alguém com um coração disposto a amar, mas que, talvez, depois de tantos tombos, preferiu recuar. Alguém que seja companhia para as tempestades e não apenas quando o sol decide brilhar.

Namore alguém que emocionalmente te ame sem precisar de maquiagem para ganhar elogios, sem precisar de roupas novas para reparar em você, alguém que veja a tua alma bonita e que saiba que você tem um coração enorme, disposto a transbordar.

Alguém que não dependa da sua beleza, do seu charme, dos seus encantos e da sua inteligência, para amá-lo. Mesmo você sendo uma avalanche de coisas lindas, causando sentimentos que o desmontem por inteiro, mesmo que você desperte um sorriso apenas com o seu jeito de olhar. Namore alguém que veja além de um corpo, uma admiração e uma atração. Namore alguém que veja e seja amor. Que olhe para aquilo que está além do que os olhos possam ver: a nossa alma bonita.

Namore alguém que emocionalmente o ame, mas que espiritualmente o fortaleça. Alguém que o incentive a ser melhor e que saiba o significado da palavra respeito. Alguém que olhe para você e veja ali a mais bela obra da criação, que veja o seu coração entregue a Deus e que deseje se achegar ao dono do seu coração, antes de conquistá-la.

Namore alguém que o ame da forma mais bonita, alguém que o ame em oração. Alguém que emocionalmente ame o seu sapato colorido, mesmo achando que ele não combina com aquele seu vestido azul. Alguém que deseje ser cuidado e cuidar, ser abraçado e abraçar. Que desperte o seu sorriso e que saiba segurar a sua mão quando tudo estiver indo mal.

Alguém que queira orar com você e por você, como quem deseja ter essa história escrita por Deus. Namore alguém que emocionalmente o ame, como quem tem uma grande mulher ao seu lado, mas que espiritualmente o fortaleça, como quem deseja paz, como quem sabe que o autor da criação tem arquitetado planos maravilhosos para essa criação tão singular: você!

Fonte: Thamilly Rozendo

Um término não é o fim do mundo

Sabe por que terminar uma relação deixa as pessoas tão inconformadas? Porque elas sentem que conquistaram o mundo quando encontraram alguém e se apaixonaram e criaram rotinas, histórias, sonhos e os concretizaram. Ele comprou uma camisa porque ela gostava, ela viajou para o nordeste porque ele queria. Eles se tornaram donos de um mundo que criaram juntos.

Eu estaria mentindo se eu dissesse que a maioria dos relacionamentos são eternos. Inúmeras vezes alguém encontrou outro alguém e achou que a história seria para sempre, mas acabou no meio do caminho. Aliás, isso acontece o tempo todo.

É isso que eu quero que entendam: terminar um relacionamento é um acontecimento natural da vida. A gente pode fazer todo o possível para que não aconteça, mas na maior parte do tempo é inevitável.

É triste e muito doloroso, com certeza, mas não é o fim do mundo, não é uma tragédia. Perder um filho, prematuramente, é o fim do mundo. Sofrer um acidente e ficar paralítica é o fim do mundo. Perder um pai subitamente é o fim do mundo. E ainda assim, as pessoas continuam, mesmo quando o mundo acaba, elas seguem em frente.

O término de uma relação? Isso não é o fim do mundo, porque elas continuam bem, continuam vivas, apenas não estão juntas, mas há um futuro seguro para elas. O término é só um período que duas pessoas precisam atravessar quando as coisas não vão bem, quando os planos não deram certo, quando as apostas que fizeram estavam erradas, e ali acaba, o enredo.

Porque somos personagens, criando a nossa própria biografia, e ali acaba um capítulo, mas a história da vida continua. Ela não se resume a uma pessoa específica, ela é unicamente sua. É você com seus pais, com seus amigos, com seu cachorro, com seus amores, com seus filhos e com o mundo.

E o que você pode fazer é agradecer por ter acontecido, por ter aprendido, por saber que tem lembranças incríveis, que teve momentos maravilhosos, que experimentou o amor uma vez, porque tem gente que nem isso teve. Então mesmo perdendo, você já ganhou.

E o que você pode fazer é reinventar-se, porque chorar não resolve, porque beber não traz a pessoa de volta, porque ficar com raiva e destilar todo o seu ódio pela internet não recupera o seu orgulho ferido.

Então você precisa perceber que este momento é só a vida te dando uma chance. Uma chance de fazer um novo caminho, de mudar, de fazer algo diferente, de acertar mais com os que ficam, de errar menos com os que virão.

Uma nova chance de ser feliz de verdade, porque ninguém termina uma relação no auge da felicidade, ninguém termina quando duas pessoas se amam acima de tudo, ninguém termina quando as coisas vão perfeitamente bem.

Um término é sempre um novo começo. E você não precisa ter medo do futuro, do amor que se vai, porque o amor sempre volta. Em outras formas, em outros rostos e em outros tempos. O amor não é o problema, o mundo não acaba por isso.

O mundo, na verdade, é o que ficou. E está inteiramente disponível para você conquistá-lo novamente.

Desta vez, do seu jeitinho particular.

Fonte: Francisco Galarreta

Para abraçar uma nova vida a gente precisa se desgarrar da velha

Atire a primeira foto rasgada quem nunca teve dificuldades em se despedir de um amor que já tinha dado tudo o que tinha que dar. Dê uma “sambadinha” aí na cara dos mais sensíveis, quem nunca se comoveu no final de seus próprios enredos. Levante a mão, sem hesitar, quem nunca teve receio de se mostrar com medo de ser julgado.

Assim somos nós, seres humanos em infinitos processos de transição, oscilando entre a suposta paz das situações estáveis e o fogo no peito das arrebatadoras paixões inesperadas. É na hora do sufoco que a gente se dá conta do tamanho do fôlego que tem. É na hora do aperto que a gente mede a capacidade de se moldar a novos espaços ou de alargar novas possibilidades.

Sentadinho na sombra é que não dá para viver, certo? Mais cedo ou mais tarde, essa aparente moleza cobrará de nós o despreparo para enfrentar demandas ou, por que não dizer, aguentar o tranco.

O corpo humano é uma estrutura cheia de encaixes, protuberâncias e reentrâncias, projetado para se mexer. A falta de movimento, seja do ponto de vista orgânico ou filosófico, traz como sequela a falta de recursos para abraçar oportunidades, escapar das anunciadas ciladas ou desviar das pedradas gratuitas.

O perigo maior é a gente acabar feito aquelas plantas ornamentais que vivem grudadas em outras, nem tão bonitas, mas cuja anatomia projeta raízes em busca de substrato e “braços” para o alto em busca da ilimitada capacidade de florescer, frutificar ou folhear o ambiente com suas protetoras e afáveis estruturas.

Uma vez assumida essa postura de enfeite e dependência, fica notavelmente mais difícil romper com a preguiça de arcar com os próprios sonhos, com as próprias necessidades e habilidades de fazer a diferença e o diferente.

As descobertas mais incríveis moram no peito de gente destemida, persistente e inconformada. É a não aceitação das imposições que fazem a gente enxergar além do óbvio e ver saídas onde antes só éramos capazes de vislumbrar portas fechadas e ruas sem saída.

Para abraçar uma vida nova a gente precisa se desgarrar da velha. Fazer uma malinha para os desenganos, as limitações e os comodismos, levá-los com todo amor à estação de embarque e acenar de longe até vê-los ganhar outros caminhos. Deixá-los ir.

E assim que a despedida se consumar, dar meia volta no sentido oposto e perder o interesse de olhar para trás. Talvez, bem ali ao nosso lado, logo à frente ou lá no alto, haja alguma missão inteiramente disponível à espera de alguém com coragem e disposição.

Um passo depois do outro, e quem sabe no meio de uma dança, a gente não acabe descobrindo que só o que nos faltava era mudar a música, e ouvi-la, e permitir que ela nos conduza àquele lugar que antes era um sonho, e agora é a nossa própria razão de viver.

Fonte: Ana Macarini

Dignidade um Limite que faz parte do Amor

O amor sempre terá um limite: a dignidade. Porque o respeito que cada um de nós temos por nós mesmos tem um preço muito alto e jamais irá aceitar cortes para saciar um amor que não é suficiente, que machuca e nos deixa vulneráveis.

Dizia Pablo Neruda que o amor é curto e o esquecimento é muito longo. Mas no entremeio sempre há aquela “luz de vagalume” que se acende de forma natural nas noites escuras para nos indicar onde é o limite, para nos lembrar que é melhor um esquecimento longo do que uma grande tormenta na qual acabamos vendendo a nossa dignidade.

Às vezes o melhor remédio é esquecer o que se sente para recordar o que valemos. Porque a dignidade não deve ser perdida por ninguém, porque o amor não se roga nem se suplica, e embora nunca se deva perder um amor por orgulho, também não se deve perder a dignidade por amor.

Acredite ou não, a dignidade é esse elo frágil e delicado que tantas vezes comprometemos, que pode romper e desfazer as ligações dos nossos relacionamentos amorosos. Há muitas ocasiões em que cruzamos essa fronteira sem querer até nos deixarmos levar por alguns extremos nos quais nossos limites morais tornam-se fracos, pensamos que por amor tudo vale a pena e que qualquer renúncia é pouca.

Porque o amor e a dignidade são duas correntes em um oceano convulso, no qual até mesmo o marinheiro mais experiente pode perder o rumo.

O orgulho e a dignidade do amor próprio

Muitas pessoas costumam dizer que o ego alimenta o orgulho e o espírito alimenta a dignidade. De qualquer forma, estas duas dimensões psicológicas são duas habitantes cotidianas das complexas ilhas de relacionamentos amorosos, que às vezes costumam ser confundidas.

O orgulho, por exemplo, é um inimigo bem conhecido que costuma ser associado ao amor próprio. No entanto, ele vai um passo além, pois o orgulho é um arquiteto especializado em levantar muros e cercas nos nossos relacionamentos, em decorar cada detalhe com arrogância e em encontrar o vitimismo em cada palavra. Apesar de todos estes atos destrutivos, o que realmente está mascarado é uma baixa autoestima.

Enquanto isso, a dignidade é justamente o contrário. Ela age o tempo todo a ouvir a voz do nosso “eu” para fortalecer o ser humano mais belo, o respeito por nós mesmos sem esquecer o respeito pelos outros. Aqui o conceito do amor próprio adquire o seu pleno significado, pois se alimenta dele para se proteger sem prejudicar os outros: sem causar efeitos “colaterais”, mas validando em todos os momentos a própria autoestima.

A dignidade tem um preço muito alto

A dignidade não se vende, nem se perde nem se presenteia. Porque uma derrota a tempo sempre será mais digna do que uma vitória se conseguirmos sair “inteiros” dessa batalha, com o queixo erguido, o coração inteiro e uma tristeza que vai acabar renovando as esperanças.

As pessoas costumam pensar que não há nada pior do que ser abandonado por alguém que amamos. Não é verdade, o mais destrutivo é se perder amando quem não nos ama.

No amor saudável e digno não se encaixam martírios ou renúncias, aquelas em que dizemos que vale tudo só para estarmos ao lado do ser amado. Não adianta nos posicionamos à sua sombra, onde já não irão mais restar dias ensolarados para o nosso coração nem estímulos para as nossas esperanças.

Por isso, e para evitar cair nestas correntes emocionais convulsivas, vale a pena refletir sobre as seguintes questões, que sem dúvida podem nos ajudar:

– Nos relacionamentos amorosos os sacrifícios têm limites. Não somos obrigados a responder a todos os problemas do nosso parceiro/a, a oferecer ar sempre que ele/a quiser respirar, nem a apagar a nossa luz para que a dele/a brilhe. Lembre-se de onde está o verdadeiro limite: na sua dignidade.

– O amor se sente, se toca e se cria todos os dias. Se não percebermos nada disto, pedir não vai adiantar nada, assim como não adianta esperarmos sentados que aconteça um milagre que não tem sentido. Assumir que já não somos amados é um ato de valentia que vai evitar que fiquemos à deriva em situações delicadas e destrutivas.

– O amor jamais deverá ser cego. Por muito que se defenda esta ideia, é necessário lembrar que sempre será melhor se oferecer a alguém com os olhos bem abertos, o coração entusiasmado e com a dignidade muito alta. Só então seremos autênticos arquitetos destas relações dignas que valem a pena, onde pode-se respeitar e ser respeitado, criar todos os dias um ambiente saudável onde nem “tudo vale”, sem jogos de poder nem sacrifícios irracionais.

A dignidade é e será sempre o reconhecimento de que somos merecedores de coisas melhores, porque sempre será melhor uma solidão digna do que uma vida de carências, do que relacionamentos incompletos que nos fazem acreditar que somos atores secundários no teatro da nossa existência. Não permita isso, não perca a sua dignidade por ninguém.

Fonte: A Mente é Maravilhosa

Pequenas delicadezas do amor

“Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.” (Manoel de Barros)

As coisas incomensuráveis habitam as pequenas delicadezas do amor. Estão nas miudezas e nos gestos cotidianos dos quais nem nos damos conta; nos pequenos desejos, na mão pousada sobre ombros descansados, nas pontas dos dedos que deslizam na nuca amada, na pipoca dividida, nos abraços despretensiosos, na pia do banheiro ou nos beijos dados na cozinha vestida de louças de um almoço qualquer.

Estes pequenos gestos e abraços engolem o contato físico mais indomado e o presente mais caro. Não que o contato físico e o presente mais lindo não sejam bem-vindos, mas as pequenas delicadezas têm um poder incrível de sobreviver ao tempo. Sacanagens são deliciosamente prazerosas, mas a certeza da conversa a qualquer tempo é ainda mais reveladora e prazerosa, é ela quem nos afasta da solidão das multidões, que nos transmite certezas, se é que estas existem, de que as coisas seguem por um caminho quase perfeito.

O riso solto e sem protocolos conseguidos com o aumento da intimidade, sem os quais a gente murcha um pouco, está nestas pequenas delicadezas. São estas miudezas do amor que nos engrandecem e muitas vezes a gente sequer se dá conta disto. O amor é cheio de vocações desconhecidas e conexões profundas e delicadas. Pequenas delicadezas são na verdade a mais profunda forma de amor e que nos é revelada, também, em pequenas coisas.

Há momentos na vida em que ficamos por um triz, temos vontade de chorar, gritar, bater; do mesmo modo temos vontade de dividir alegrias, belezas, conquistas, mas quando vamos desmoronar queremos conosco ou do outro lado da linha, aquele que dividiu com a gente as pequenas delicadezas; é nesta pessoa que pensamos, é neste colo que queremos descansar. É naquela conexão profunda e delicada que mora o sossego dos nossos anseios.

Às vezes esta pessoa só precisa dizer um “alô” para o mundo ficar reconhecível outra vez. É que as coisas incomensuráveis da vida moram nas lembranças, gestos e amores gentis.

Fonte: Lu Chardelli

Carta aberta ao amor que mereço

Não mereço um amor pela metade. Um amor que finge permanência, que não se entrega de verdade e que não reproduz o respeito e o carinho acordados. Já tive amores demais para perder tempo com sentimentos de menos.

É tudo bem simples e não precisa muito esforço para entender. Se você quer nós dois, demonstre. Faça valer a soma dos interessados. Cuide da nossa morada, construa pontes para o nosso encontro. Se não houver reciprocidade, por mais que eu te ame, levarei os meus inteiros para outros abraços. Não preciso de caridade amorosa.

Sou livre há muito tempo. Aprendi através das maiores despedidas que o amor que fica não solicita convite. Ele apenas fica, mesmo com a distância, com o tempo desalinhado e com outros desvios no caminho. Ele reside na companhia de quem realmente quer fazer parte da vida do outro. Ele não nega emoções. Saber onde pisa é a maior responsabilidade do amor.

O amor que mereço não é eterno e nem precisa sê-lo. Mas ele é sincero, não é covarde. Talvez ele tenha passado e não percebi. Talvez ele ainda vá chegar e não estarei por perto. Não posso responder sobre alguém hipotético, mas posso continuar falando sobre alguém que é realidade. No caso, eu. E o amor que julgo merecer não é uma ideia passageira, pelo contrário, é um aconchego que sempre esteve comigo. Dentro dos meus espaços, o amor é uma constante evolução.

Não sei se essa carta chegará até você ou se a lerá com o sentir que a escrevi. De qualquer forma, nada muda. O amor que mereço é sintonia, um pouco de sorte e mais um bocado de vontades prévias. O amor que mereço é uma escolha nossa. A cada desencontro, a cada recomeço.

Fonte: Guilherme Moreira

O que os outros vão pensar é problema deles

Haverá sempre alguém tentando nos impedir, censurando-nos, discordando agressivamente de nossa jornada, porque ainda é difícil a muitos cuidar da própria vida e deixar a felicidade do outro em paz.

Ninguém, a não ser que se torne um eremita, vive sozinho. Fazemos parte da sociedade e estamos ligados às pessoas que convivem conosco. Isso quer dizer que as consequências de nossas ações não se restringem apenas a nós mesmos, pois atingem também as pessoas que, de uma ou de outra forma, fazem parte de nosso caminhar.

Não poderemos, portanto, agir visando tão somente aos nossos propósitos pessoais, não nos importando com ninguém mais, como se o nosso bem estar fosse a única meta a ser atingida. Caso machuquemos quem está ao nosso lado, a fim de obtermos aquilo que queremos, estaremos agindo de forma inconsequente e egoísta, o que deve ser evitado.

No entanto, é necessário que achemos um jeito de realizar os nossos sonhos e de vivermos conforme aquilo em que acreditamos, de maneira ética e digna, sem nos desviarmos disso tudo, ou jamais seremos felizes. Ainda mais se sufocarmos os nossos anseios, por medo da reprovação de quem discorda do nosso modo de pensar e de agir.

Ouvirmos e ponderarmos frente aos conselhos de quem nos ama de verdade será sempre necessário, pois então estaremos lidando com palavras vindas de gente que se importa e quer o nosso bem. Entretanto, dar ouvidos a quem não divide nada conosco, a não ser momentos superficiais e irrelevantes, acabará nos afastando do que nos move os sentidos, do que é essencial aqui dentro de nós.

Caso estejamos agindo de acordo com as verdades que norteiam os nossos sonhos de vida, para buscar o que queremos, junto a quem amamos, sem machucar ninguém pelo caminho, é preciso continuar. Haverá sempre alguém tentando nos impedir, censurando-nos, discordando agressivamente de nossa jornada, porque ainda é difícil a muitos cuidar da própria vida e deixar a felicidade do outro em paz.

Será muito difícil errarmos a pontaria de nossos ideais, caso estejamos caminhando ao ritmo harmonioso dos sonhos que não conseguimos deixar lá no travesseiro. Jamais poderemos sufocar a nossa essência, por medo do que vão pensar, do que vão dizer. Quem vive a julgar o outro sempre vai pensar e dizer o pior, pois não sabe agir de outra forma, não importa o que o outro faça ou diga – é só isso que ele sabe fazer.

Não poderemos agir sem pensar em ninguém mais, obviamente, como se só nossa vida fosse importante, mas isso não quer dizer, de forma alguma, que deveremos temer quem possa vir a nos difamar por discordâncias baseadas em juízos de valor. O preço a se pagar pelo sufocamento dos sonhos é nada mais, nada menos, do que o arrependimento e a infelicidade. Não seja infeliz, seja quem você é de verdade.

Fonte: Prof Marcel Camargo

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